Pelo menos 70 morrem na Síria; Alemanha pressiona China e Rússia

Pelo menos 70 morrem na Síria; Alemanha pressiona China e Rússia

 

Grupos de oposição relataram pelo menos 70 mortes nas últimas 24 horas, a maior parte em Damasco, palco de renovados conflitos entre insurgentes e forças leais ao ditador Bashar Assad. Alguns ativistas, no entanto, apontam cifras ainda maiores --na casa dos 100 mortos-- após o recrudescimento das operações na capital e nas vizinhanças.


Moradores disseram que não há trégua nos combates na capital, que entraram no seu quinto dia. É a primeira vez em 16 meses de rebelião na Síria que a violência chega com tanta força a Damasco, e vídeos vindos da cidade mostram nuvens de fumaça erguendo-se no horizonte.


O atentado de ontem, em que morreram três autoridades de primeiro escalão ligadas à segurança e defesa do regime, foi considerado por especialistas um "golpe fatal", mas não "mortal" para Assad, cujo paradeiro é desconhecido.


Uma autoridade confirmou à agência Efe que o ditador ainda se encontrava em Damasco e desempenhava normalmente suas funções.


Mas fontes oposicionistas e um diplomata ocidental disseram que o combalido líder está agora na cidade litorânea de Latakia.


O palácio de Latakia, que já foi usado no passado por Assad para realizar reuniões oficiais, está localizado em montanhas perto da cidade, onde fica o principal porto da Síria.


O ataque de ontem provocou uma intensificação das operações em Damasco, com uso de artilharia pesada e helicópteros, conforme relatos de testemunhas e grupos de oposição.


Das 70 mortes relatadas hoje, pelo menos 30 teriam ocorrido em Damasco e vizinhanças.


A artilharia do regime bombardeou vários bairros da capital, onde o exército enfrenta os grupos rebeldes, classificados como "terroristas" pelas autoridades.


Em declarações à agência Efe dadas por telefone, o ativista Abu Quais al Shami, vizinho de um dos bairros mais castigados -Al Tadamun- afirmou que o distrito está cercado por tropas leais ao ditador, que usam helicópteros para atacar os focos de insurgência.


Moradores dos bairros de Midan e Kafr Souseh relataram explosões constantes e disparos intensos, enquanto helicópteros militares rondavam as áreas.


"O bombardeio não parou a noite toda. Disparos podiam ser ouvidos na cidade toda. Foi alto. Havia também sons de combates. Não há muita gente se aventurando a sair. Não consigo nem encontrar um táxi, então estou esperando alguém nos apanhar", disse um morador de Damasco por telefone.


"Todo mundo no bairro está se armando. Alguns com metralhadoras, alguns com pistolas. Alguns até mesmo só com facas. E quem não tem nada tenta ficar acordado e ficar alerta o máximo que conseguir", disse outro morador, também por telefone, da região de Midan.


PRESSÃO INTERNACIONAL


O governo alemão insistiu hoje que a China e a Rússia "possibilitem", como membros do Conselho de Segurança da ONU, uma resolução que encerre o "derramamento de sangue" na Síria.


"Apelamos ao sentido de responsabilidade de todos os membros do Conselho de Segurança" para que se dê uma resposta "conjunta" a Damasco, declarou o ministro de Assuntos Exteriores alemão, Guido Westerwelle.


"Na Síria as pessoas continuam a morrer, enquanto Moscou e Pequim continuam a hesitar", acrescentou.